terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tais Palavras


Ela queria começar com novas palavras das que nunca havia usado antes Porque assim talvez seu destino mudasse pelo menos ela acreditaria que pudesse escrever seu novo destino com essas tais palavras Dentre tantas só podia usar as mesmas sempre aquelas A sensação de pender num vazio sem horizonte buscando uma única palavra que desse um basta que lançasse seu corpo inteiro para outro paradigma onde as coisas seriam mais serenas Cansada de encontrar suas couraças tentava desgraçadamente desvendar sua essência A máscara de ferro pesava e não parecia querer sair de seu rosto o rosto que olhado no espelho não era ninguém Como era bom ser criança nem mesmo isso havia para se ancorar Ela não se lembrava nunca de ter sido criança Não lembrava da sensação de se perder em brincadeiras Lembrava que brincava sim mas não sabia em si o quanto era bom Ao perceber que a vida poderia ser árida insossa pobre e desgraçada ela sorriu porque então havia se livrado do destino obvio ou inatingível que era a Felicidade Descobriu que tinha afinal uma missão aprender a estar alegre E o melhor de tudo: passaria toda a sua vida tentando sem permissão para desistir Afinal o Sol nunca deixará de se levantar a cada manhã e aquele rosto no espelho era mesmo o dela e isso não mudaria.


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